Disciplina é fundamental para quem quer praticar Agilidade.
E neste mundão de LACEs (Lean Agile Center of Excellence) e CoEs (Center of Excellence), ainda há muita casa de ferreiro usando espeto de pau.
E para completar o Business Bingo usando ditados populares, pimenta nos olhos dos outros times é refresco —já passamos por empresas em que os agile coaches eram chamados de “agile spies” (ou “espiões ágeis”), que só faziam levar críticas e denegrir a imagem dos membros dos times junto à gestão.
Começamos pensando nos papéis. Se um Centro de Agilidade entende-se como gerador de valor, pode, portanto, ser gerido como um Produto. A pergunta que segue é: quem é o Product Owner? É o Head de Agilidade? É o Head de RH (em muitas empresas o RH tem assumido o papel de governança ágil)? É o Agile Coach mais sênior do time?
Só esta definição já faz o Agile Coach precisar sair do papel de agilista e encarnar, por um instante, o papel de PO. Pode parecer óbvio, mas é comum que agile coaches super bons tecnicamente terem limitações importantes, especialmente em soft skilss, para assumirem um papel de Product Owner. Gerir backlog e priorizar, que é uma das funções, é um dos principais gaps que detectamos em mais de dez anos de experiência de mercado.
Como fazer?
1. Tenha um backlog
Aí vem a primeira disciplina: manter um backlog atualizado e cumprir com o que se espera de um Product Owner.
Chegar a refinamentos ou mesmo ao planning sem visão clara de prioridade é comum em muitos ocasiões.
2. Use os eventos
Em segundo lugar vêm os eventos ou cerimônias. No Scrum, por exemplo, manter as agendas de refinamento, planejamento, daily (acompanhamento), revisão e retrospectiva de pé não é simples. Se o PO é gerente, gerentes costumam ter agendas complexas. Se ele às vezes aparece, às vezes não —ou alguém acaba ocupando o espaço e fazendo o papel dele, ou as prioridades não estarão claras e o time pode perder tração. Se alguém não toma o papel de Scrum Master e dá os passos iniciais na organização do time, perde-se tração também.
Aqui vem a segunda disciplina: manter as agendas. Disciplina, disse um mentor certa vez, é questão de prioridade. Não é rigor (“ah, se o Planning não for na segunda, não tem Sprint”…) Diretoria chamou bem na hora do planning? Remaneja para a janela de horário seguinte! Mas faça o planning.
3. Use os artefatos
Por fim, os artefatos. Casa de ferreiro… backlog em Excel? Não pode, certo? Há quem critique… mas se estiver centralizado e todo mundo tiver acesso, qual o problema? O duro é comprar ferramentas super complexas que ninguém usa. Organizar o backlog do time é fundamental, e passa, mais uma vez, pelo papel do Product Owner (e do time como um todo, afinal todos devem gerar itens e movê-los).
Aqui surge a terceira disciplina: atualizar os artefatos. Sem isso, como ficam as métricas e a transparência?
Enfim, este é um convite para que todos usem agilidade dentro de casa. E por um mundo por mais espetos de ferro nas casas dos ferreiros! 😊
Tem dificuldade em fazer acontecer? Qual a maior? Com os papéis? Com os eventos? Ou são os artefatos que dão mais trabalho?